Olá galerinha!!!
O assunto agora é para os pais, pois é um
assunto que muitos pais que têm filhos
na alfabetização não entendem o que é ou possuem dúvidas de como ocorre esse
processo na alfabetização.
Então vamos lá...
A psicogênese da língua escrita é uma
teoria que a psicóloga argentina Emília Ferreiro propôs sobre a alfabetização.
Suas pesquisas realizadas juntamente com Ana Teberosky, foram motivadas pelos
altos índices de fracasso escolar apresentado nestes países. Juntando os conhecimentos da psicolinguística
e a teoria psicológica e epistemológica de Jean Piaget, Emília e Ana mostraram
como a criança constrói diferentes hipóteses sobre o sistema de escrita, antes
mesmo de chegar a compreender o sistema alfabético. Suas ideias chegaram ao
Brasil na década de 80.
Por meio de sua teoria, explica como as
crianças chegam a ser leitores, antes de sê-lo. Ao contrapor-se à concepção
associacionista da alfabetização, a Psicogênese da Língua Escrita apresenta um
suporte teórico construtivista, no qual o conhecimento aparece como algo a ser
produzido pelo indivíduo, que passa a ser visto como sujeito e não como objeto
do processo de aprendizagem.
Leia abaixo e conheça cada um dos níveis e
o que ocorre em cada um deles.
Psicogênese da língua escrita
Pré-silábico
O nível pré-silábico é o primeiro dos níveis definidos por Emília
Ferreiro na psicogênese da alfabetização.
Existem dois níveis pré-silábicos: pré-silábico 1 e pré-silábico
2.
Pré-silábico 1:
·
A
criança ainda não estabelece uma relação necessária entre a linguagem falada e
as diferentes formas de representação,a creditando que se escreve com desenhos,
isto é, a grafia deve conter traços figurativos daquilo que se escreve (tese da
escrita figurativa);
·
As
crianças não vislumbram que a escrita tem a ver com a pronúncia das partes de
cada palavra.
·
As
crianças produzem riscos e/ou rabiscos típicos da escrita que tem como forma
básica a letra de imprensa ou a cursiva, podendo então realizar rabiscos
separados com linhas curvas ou retas ou rabiscos ondulados e emendados.
·
As
crianças fazem tentativas de correspondência figurativa entre a escrita e o
objeto referido.
·
Somente
quem escreve pode interpretar o que está escrito.
·
A
escrita ainda não está constituída como objeto substituto.
·
Usam
os mesmos sinais gráficos (letras convencionais ou símbolos, ou mesmo
pseudoletras – letras inventadas pela criança) para escrever tudo o que deseja.
·
Acham
que os nomes das pessoas e das coisas têm relação com seu tamanho ou idade: as
pessoas, animais ou objetos grandes devem ter nomes grandes; os objetos ou
pessoas pequenas, nomes pequenos. Presença marcante do realismo.
·
As
crianças não separam números de letras, já que ambos os caracteres envolvem
linhas retas ou curvas.
·
Acreditam
que se escreve apenas os nomes das coisas (substantivos).
·
Só
entendem a leitura de desenhos e gravuras, não diferenciando texto de gravura.
·
A
leitura é global.
·
A
letra inicial é suficiente para identificar uma palavra ou nome.
Pré-silábico 2 (ou intermediário 1)
·
A
criança já usa sinais gráficos, abandonando no traçado os aspectos figurativos
daquilo que quer escrever. É considerado como nível intermediário 1 e
representa a maneira de passar de um nível para a outro de maior complexidade.
·
A
criança descobre que desenhar não é escrever
·
O
comportamento dos alunos, nos níveis intermediários, costuma ser de rejeição e
recusa quanto a produzir algo escrito; Dizem que não sabem escrever e afirmam
que com desenho não se escreve.
·
Quando
uma criança faz sinais gráficos com desenho junto a eles (escrita e desenho),
já superou o conflito. Saiu do impasse. Sabe que desenho não é escrita, e
acrescenta-o às letras ou quaisquer outros traçados sem conotação figurativa do
que já está sendo escrito com o desenho.
·
As
crianças acreditam que para poder ler não podem haver duas letras iguais, uma
ao lado da outra.
·
Reconhecem
que as letras desempenham um papel na escrita. Compreendem que somente com as
letras é possível escrever.
·
Fazem
distinção entre imagem, texto ou palavras, letras e números.
·
A
vinculação com a pronúncia ainda não é percebida.
·
Duas
letras podem ser pensadas como sendo a mesma.
·
Para
que seja possível ler ou escrever uma palavra, torna-se necessária uma
variedade de caracteres gráficos.
·
As crianças
exigem um mínimo de 3 letras para ler ou escrever uma palavra.
·
Para
a criança a ordem das letras na palavra não é importante.
Metodologia para o pré-silábico 1 e 2:
* Trabalhar a letra inicial do nome de cada criança: faça as
fichas individuais e destaque a letra inicial com a cor vermelha.
* Cada letra trabalhada deve ser colocada em destaque : no quadro,
varal, mural, para maior visualização dos alunos.
* Preenchimento da letra com sementes, macarrão, pinta com guache.
* Ligar a letra inicial ao nome, colorindo com lápis de cor ou giz
de cera.
* Utilizar jogos.
* Recorte e colagem de letras de revistas e jornais.
* Cobrir os nomes utilizando alfabeto móvel.
* Todo trabalho feito pelas crianças deve ser exposto nos murais
da sala.
* Associar letras a nomes que lhes são significativos.
* Trabalhar os aspectos topológicos das letras.
* Utilizar materiais concretos para trabalhar os conceitos de
curvas abertas e fechadas (exemplo: barbante para formas as letras).
* Propor noções de aberto e fechado, dentro e fora.
* É indicada a construção de séries de letras e outros objetos em
várias posições. Nessa atividade a criança treina o traçado das letras e forma.
* As palavras devem ser trabalhadas e analisadas quanto à
quantidade de letras, forma, posição e ordem das letras, letra inicial e final.
* A exploração de palavras inteiras e significativas oferece à
criança a possibilidade de apropriar-se de algumas formas escritas.
* Os textos devem ser escritos no quadro ou em cartazes com letra
imprensa maiúscula.
· Sugestões
de atividadesPré-silábico 1
* Trabalho intenso com os nomes das crianças, destacando as letras
iniciais – atividades variadas com fichas, crachás e alfabeto móvel.
* Contato com variado material escrito: revistas, jornais, embalagens,
rótulos, letras de músicas, poesias, parlendas.
* Hora da leitura.
* Atividades de escrita espontânea.
* Desenho livre, pintura, modelagem, recorte, dobradura.
· Sugestões
de atividadesPré-silábico 2
* Caixa com palavras e nomes significativos.
* Bingo de letras, de iniciais de nomes, de nomes, entre outros.
* Memória das letras, nomes e desenhos
* Baralho de nomes e figuras
* Pescaria dos nomes, letras iniciais.
* Quebra-cabeça variando com gravuras, nomes e letras.
* Trabalhar com álbuns: de rótulos e embalagens, de nomes e
retratos, da história da vida da criança.
* Leitura de poesias e quadrinhas, parlendas, músicas.
* Produção de texto oral.
* Conversa informal.
* Correio.
* Etiquetação de objetos
* Estudo e interpretação de figuras.
Silábico
A vinculação entre escrita e pronúncia – parte do que se fala
corresponde a parte da escrita.
A criança trabalha com a hipótese de que a escrita representa
partes sonoras da fala.
Uma letra para cada sílaba oral também na frase ou uma letra para
cada palavra na frase.
Tudo que se diz se escreve (não só os substantivos).
Tentativa de dar valor sonoro a cada uma das letras que compõem
uma escrita.
A escrita representa partes sonoras da fala, porém com uma
particularidade: cada letra vale por uma sílaba. Assim, ela utiliza tantas
letras quantas forem as sílabas da palavra.
Exemplo:
AO – GATO
EEA - PETECA
EEA - PETECA
· Metodologia:
* No nível silábico trabalha-se simultaneamente com letras,
palavras e textos.
* No trabalho com palavras:
o Letra inicial
o Contagem de números de letras
o Desmembramento oral de sílabas
* No trabalho com letras:
o Sons das letras
o Análise da primeira sílaba
o Estudo das formas e da posição das letras (cursiva e maiúscula
de imprensa)
* No trabalho com textos:
o Leitura de textos cujo conteúdo já esteja memorizado (exemplo:
letra de músicas);
o Estimular a pesquisas e análise das palavras do texto.
o Oferecer diferentes tipos de textos: revistas, rótulos, livros
de histórias infantis, embalagens, notícias, etc.
o Trabalhar nome dos alunos, nome dos objetos da classe,
histórias, palavras-chave, calendário, montagem e desmontagem de palavras.
· Sugestões
de atividades:
* Escrita e recebimento de cartas.
* Elaboração de textos coletivos.
* Reconto e reescrita de histórias.
* Jogos variados com gravuras e letras iniciais, gravuras e
palavras.
* Ditado de palavras e frases para diagnóstico do nível conceitual
dos alunos.
* Contar o número de palavras de cada frase.
* Ditado com gravuras para os alunos escreverem apenas a letra
inicial.
* Colocar letras em ordem alfabética.
* Construir conjuntos de nomes e palavras para cada letra do
alfabeto.
* Dicionário ilustrado.
* Completar palavras com a primeira letra (usar o alfabeto móvel)
SILÁBICO-ALFABÉTICO(INTERMEDIÁRIO II)
Conflito entre a hipótese silábica e a exigência de quantidade
mínima de caracteres;
Dificuldades da criança coordenar as hipóteses que foi elaborando
no curso da sua evolução;
A criança descobre que a sílaba não pode ser considerada unidade,
mas que ela é composta de elementos menores – as letras.
* Enfrenta novos problemas:
Percebe que uma letra apenas não pode ser considerada sílaba,
porque existem sílabas com mais de uma letra. Assim sem nenhum critério, vai
aumentando o número de letras por sílaba;
A criança percebe que a identidade do som não garante a identidade
das letras, nem a identidade das letras, a do som. Existem letras com a mesma
grafia e vários sons. E sons iguais e grafias diferentes;
A criança enfrentará novos conflitos ao vivenciar os problemas
ortográficos que se iniciam nessa fase e se estendem por todo o processo
acadêmico;
A criança acrescentar letras à escrita da fase anterior
(silábica);
Escreve algumas sílabas completas e outras incompletas (com uma só
letra por sílaba). Usa as hipóteses dos níveis silábico e silábico-alfabético
ao mesmo tempo;
A ausência de letras em sua escrita não pode ser considerada pelo
professor como omissão ou retrocesso, pois é uma fase de conflitos e
progressão;
* Nessa fase a criança inicia a leitura independente de textos,
palavras, dos livros de literatura, entre outros;
* Algumas crianças utilizam-se da soletração para ler, unindo
consoante e vogal. Outras já percebem as sílabas simples na sua totalidade;
* A criança enfrentará novos conflitos ao vivenciar os problemas
ortográficos que se iniciam nessa fase e se estendem por todo o processo
acadêmico;
* A criança acrescentar letras à escrita da fase anterior
(silábica);
* Escreve algumas sílabas completas e outras incompletas (com uma
só letra por sílaba). Usa as hipóteses dos níveis silábico e
silábico-alfabético ao mesmo tempo;
* A ausência de letras em sua escrita não pode ser considerada
pelo professor como omissão ou retrocesso, pois é uma fase de conflitos e
progressão;
* Nessa fase a criança inicia a leitura independente de textos,
palavras, dos livros de literatura, entre outros;
* Algumas crianças utilizam-se da soletração para ler, unindo
consoante e vogal. Outras já percebem as sílabas simples na sua totalidade;
* Pode-se utilizar diferentes tipos e modalidades de letras;
* As crianças terão dificuldades com sílabas complexas; É
importante um trabalho de construção dessas sílabas;
* Na leitura, a criança faz antecipações do significados das
palavras;
* As crianças esbarram na leitura e escrita de palavras que são
iniciadas por vogais. Como saída, elas podem fazer a inversão das letras tanto
na leitura como na escrita;
Exemplo:
Amora – leem e escrevem maora
Então – leem e escrevem netão
Esporte – leem e escrevem seporte
Então – leem e escrevem netão
Esporte – leem e escrevem seporte
· Metodologia
Numa prática construtivista, trabalha-se com todas as sílabas
(simples e complexas) ao mesmo tempo e principalmente partindo dos nomes dos
alunos, ou de palavras significativas retiradas de textos, dos projetos, de
atividades lúdicas ou construídas pelas crianças através do alfabeto móvel e
sílabas móveis;
Todas as atividades de leitura e escrita devem está
contextualizadas e associadas a uma significação, isto é, ligadas a aspectos da
vida das crianças ou às atividades que realizam em sala de aula ou em casa, ou
ainda a temas de interesse dos alunos;
Os jogos, as brincadeiras, as rodas de conversa, a troca de ideias
entre os alunos, e mesmo um pouco de competição entre eles, tornam a
aprendizagem um processo de construção do conhecimento por eles mesmos.
· Sugestões
de atividades:
* Jogos e atividades com alfabeto móvel;
* Caça-palavras;
* Jogos de memória, bingo, dominós;
* Jornal falado;
* Escritas de cartas, bilhetes, listas, anúncios, propagandas;
* Produção de textos coletivos;
* Adivinhações, trava-línguas, quadrinhas;
Alfabético:
* Esse nível é caracterizado pelo reconhecimento do som da letra;
* O primeiro problema que a criança enfrenta se refere aos tipos
de sílabas:generalizam que as sílabas têm sempre duas sílabas com duas letras e
dificilmente concluem que podem ter menos ou mais do que isso;
* Devido à frequência de sílabas constituídas de consoantes e
vogal, os alunos acreditam que todas as sílabas são assim.
* O segundo problema que as crianças vivenciam é a separação das
palavras na produção textual. Ora as crianças emendam palavras, ora dividem
palavras em duas ou três partes.
Isso acontece porque, quando a criança escreve, concentra-se na
sílaba; assim, para ela as palavras tendem a desaparecer como um todo.
* O terceiro problema refere-se a ênfase sobre a escrita fonética.
A criança, ao dar ênfase à escrita fonética, ou seja, a adequação fonética do
escrito ao sonoro, enfrenta questões ortográficas;
Descobre que outras letras, como o “X” com som de “CH”, “S” com
som de “Z”, etc. chegando a constatar que isso acontece com muitas palavras.
* E ainda enfrenta dificuldades na escrita e na leitura de sílabas
complexas.
* Nessa fase a criança faz a leitura sem imagem e com imagem
· Metodologia:
* A montagem de situações didáticas não é feita genericamente para
toda uma classe de alunos, mas dirigida especificamente para alunos em
diferentes níveis do processo;
* Utilizar diferentes recursos didáticas-metodológicos
construtivistas para trabalhar a língua escrita: desenhos, poesias,cartas,
músicas, receitas, teatro,recortes de jornais e revistas, rótulos e embalagens;
* Todo o trabalho é desenvolvido sem que tudo seja dado “pronto”
ao aluno, mas sim através das descobertas feitas pelas próprias crianças;
* A prática de produção de textos é uma atividade essencial ao
longo de todo o processo de alfabetização;
* Nesse nível, a criança já é capaz de escrever sozinha os seus
próprios textos;
* A produção de textos pode ser individual ou coletiva.
* Desenvolver um trabalho com sílabas começando pela identificação
parcial, pelo desmembramento das palavras das palavras em todas as suas sílabas
e pela montagem de palavras por meio de sílabas, só chegando às famílias
silábicas através das descobertas dos próprios alunos;
· Sugestões
de atividades:
* Produção de textos a partir do desenho do aluno;
* Exploração de textos individuais com toda a classe;
* Escrita de textos a partir de outros textos já conhecidos pelos
alunos: letras de músicas, poesias, histórias memorizadas, descrição de
brincadeiras, regras de jogos, etc.
* Produção de textos coletivos sobre acontecimentos ou interesse
dos alunos naquele momento;
* Análise de palavras numa frase ou texto
* Contar número de palavras numa frase ou texto;
* Distinção de uma só sílaba na palavra escrita;
* Identificar a quantidade de letras e sílabas numa palavra;
* Atividade para completar a primeira e a última sílaba das
palavras com material concreto;
* Jogos: mico, bingo, memória, dominó (com palavras e sílabas iniciais
ou finais);
* Escrita de palavras ou nomes que iniciam ou terminam com uma
determinada sílaba;
* Constituição de palavras com sílabas e alfabetos móveis;
* Completar fichas com as letras que faltam (usando o alfabeto
móvel);
Teste da psicogênese:
* As crianças precisam saber do que se trata (tema).
* Não usar a palavra teste com elas.
* Usar quatro palavras e uma frase que façam parte do mesmo campo
semântico e que façam parte da vivência das crianças (dentro do tema
escolhido).
* Na frase deve se repetir a palavra dissílaba.
Nenhum comentário:
Postar um comentário